O Sul da Roda de Cura é ocupado pela inocência, a humildade e a alegria de viver. É aí que reside o Porco-espinho. O Porco-espinho possui muitas qualidades e uma energia muito poderosa: o poder da fé e da confiança. O poder da fé traz em si a possibilidade de remover montanhas. O poder de confiar na vida envolve a confiança no plano divino traçado pelo Grande Espírito.
A sua tarefa é a de encontrar o caminho que lhe possa ser mais benéfico e lhe permita usar o maior número possível de seus dotes pessoais para ajudar na elaboração desse plano divino. A confiança e a verdade podem abrir as portas para a criação de um novo espaço. Um espaço que permita aos outros abrirem seus corações para você, compartilhando as dádivas da alegria, do amor e da camaradagem.
Quando você olha para um Porco-espinho, a primeira coisa que percebe são seus espinhos, mas estes espinhos somente são utilizados quando se rompe a confiança entre o Porco-espinho e outra criatura. O Porco-espinho é um ser gentil, amoroso, brincalhão e amistoso, assim como a Lontra. Quando não existe medo, uma pessoa pode alimentar tranqüilamente um Porco-espinho com suas próprias mãos sem se machucar com os seus espinhos.
Por meio da compreensão da natureza real deste animal, você será capaz de perceber sua própria necessidade de voltar a ser como uma criança, reaprendendo a confiar e a acreditar novamente. No mundo moderno, este é um lembrete necessário para que não nos esqueçamos de louvar a maravilha que é viver, sabendo apreciar o surgimento de cada dia como mais uma possibilidade de fazer novas descobertas e viver novas aventuras.
O Porco-espinho sentou-se silenciosamente diante de um buraco num velho tronco, conjeturando se aquilo era um brinquedo que a natureza tinha criado especialmente para ele. O Porco-espinho ficou imaginando tudo o que ele podia fazer com aquele tronco. Ele podia subir no tronco e fazê-lo rolar de um lado para o outro; ele podia entrar naquele buraco para ver se encontrava ali suculentas minhocas para seu jantar; ou podia simplesmente coçar as costas na superfície rugosa do tronco.
Justamente quando o Porco-espinho estava pensando no que iria fazer, ele viu um grande Urso negro se aproximando em busca de mel e ficou feliz com a idéia de ter um amigo para brincar.
– Olá, Urso, você deseja brincar com meu tronco? – perguntou ele.
– Porco-espinho, você não sabe que eu já estou velho demais para perder tempo com brincadeiras? Eu estou procurando mel e você está me atrapalhando. Saia já do meu caminho! – retrucou asperamente o velho Urso rabugento.
– Nunca estamos velhos demais para brincar – respondeu o Porco-espinho. – Se você esqueceu a alegria dos folguedos infantis, será sempre tão impaciente e rabugento quanto você está sendo neste momento!
O Urso começou a pensar no que o Porco-espinho dissera e chegou à conclusão de que talvez ele tivesse razão. Todos os demais animais haviam fugido dele, e até os outros Ursos viraram-lhe as costas quando bramira para eles. Somente o pequeno Porco-espinho não fugiu achando que ele pretendia devorá-la. Ele estava tentando até mesmo ser seu amigo!
O Velho Urso olhou para o Porco-espinho e começou a sentir alguma coisa se modificando dentro dele à medida que se lembrava da alegria de suas brincadeiras infantis. Subitamente, ele deu-se conta de que a felicidade tornou a florescer novamente em seu peito.
– Pequeno Porco-espinho, você me fez lembrar que à medida que eu me tornava mais forte e buscava respostas para um número cada vez maior de questões, eu fui me tornando um intelectual. Fiquei assustado com o que os outros poderiam pensar se eu deixasse cair minha máscara arrogante. Eu tinha medo de queixassem de me levar a sério, mas você ensinou-me que sendo intratável desta forma eu esta VII fazendo com que os outros se afastassem de mim. Muito obrigado por ter me aberto os olhos. Venha, eu gostaria muito de brincar com esse velho tronco.
E foi assim, reaprendendo a inocência com o Porco-espinho, que o Urso tornou-se brincalhão novamente.
Ao escolher a carta do Porco-espinho você fez a si mesmo uma gentil advertência de que não devia continuar preso ao caos do mundo adulto, que costuma ser dominado pelo medo, pela ambição e pelo sofrimento. A mensagem de cura desta carta é alertá-lo para não levar as coisas demasiadamente a sério. Aprenda a abrir o seu coração para aquelas coisas que costumavam lhe dar alegria quando você era criança. Lembre-se do valor da fantasia e da imaginação. Recorde-se do tempo em que você era capaz de criar um universo de beleza e alegria, transformando em brinquedo qualquer objeto que encontrasse à sua frente. Honre a beleza e a delicadeza do espírito, que permite a todos conquistarem as suas vitórias.
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